Operação Cianose mira em Bruno Dauster e Cleber Isaac

 

Foto: Polícia Federal 

Fernanda Chagas

Em operação da Polícia Federal, deflagrada na manhã desta terça-feira (26), batizada de Cianose, com objetivo de apurar a compra de 300 respiradores pelo Consórcio do Nordeste no início da pandemia do novo coronavírus, estão como alvos o ex-secretário da Casa Civil do governo da Bahia, Bruno Dauster, afastado do governo Rui Costa (PT), após denúncias de que levaram à operação Ragnarok, que também investiga a compra dos equipamentos. Além dele, é alvo da operação é Cleber Isaac, tido como um dos intermediários entre o governo da Bahia com as empresas Hempcare e BioGeoenergy no caso e a PF cumpriu mandado em sua residência hoje, no Edifício Victory Tower, condomínio de luxo no Corredor da Vitória.

De acordo com a Polícia Federal, o processo de aquisição que se seguiu contou com diversas irregularidades, como o pagamento antecipado de seu valor integral, sem que houvesse no contrato qualquer garantia contra eventual inadimplência por parte da contratada. Ao fim, nenhum respirador foi entregue. Segundo a PF, os investigados podem responder pelos crimes de estelionato em detrimento de entidade pública, dispensa de licitação sem observância das formalidades legais e lavagem de dinheiro.

O caso tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ) porque o governador da Bahia, Rui Costa (PT), na época presidente do consórcio, deu autorização à aquisição dos aparelhos que nunca foram entregues. O petista já negou irregularidades na compra e enfatizou ser o mais ansioso pela finalização da apuração do caso.

O depoimento de Cristiana Prestes Taddeo, sócia da Hempcare, já citava Isaac como um dos intermediários do negócio. Na ocasião, ela teria confirmado que ele teria recebido uma comissão de R$ 3 milhões por ter facilitado a negociação com o Consórcio Nordeste. A relação entre ambos teria acontecido após uma ponte feita por Fernando Galante. Para isto, Cristiana teria pago o montante de R$ 9 milhões pela facilitação no contrato. O trio possuía um grupo no WhatsApp.

À época, Cristiana também acusou Dauster de ter recomendado um aditivo no contrato para aumentar o valor dos respiradores adquiridos, cujo contrato assim saltaria de 23 mil dólares para 27 mil dólares e, posteriormente, para 35 mil dólares. Contudo, Cristiana teria respondido que "não iria estuprar o Governo dessa maneira". Cristiana, entretanto, está solta. Em junho de 2020, a coordenadora do setor de Crimes Econômicos e Contra a Administração Pública da Polícia Civil, Fernanda Asfora, alegou que a HempCare justificou que os respiradores viriam de uma fabricantes chinesa, mas após sucessivos atrasos, que todos os ventiladores tinham registrado defeito na válvula de escape e sugeriu que uma empresa sediada no Brasil, a BioGeoEnergy, fornecesse os equipamentos. Só que essa proposta não foi aceita pelos estados porque a suposta fabricante não tinha autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o serviço. Mas,ainda em junho do mesmo ano, as três pessoas acusadas na Operação Ragnarok foram soltas. Entre eles, Cristiana, a dona da Hempcare, Cristiana Prestes, que não teve o pedido de prorrogação da prisão realizado pelos delegados, mais Luiz Henrique Ramos e Paulo de Tarso. 

 A operação cumpre 14 mandados de busca e apreensão em Salvador, Distrito Federal, e nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. 

 

 

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